Nossa Cidadania não pode ter prazo de validade


Como a maioria dos brasileiros, considero inviável a permanência de Dilma no governo, por inúmeras razões que nem preciso enumerar. Pessoalmente, acho que a melhor alternativa seria a cassação da chapa de Dilma e Temer, absolutamente justificada diante de tantas mentiras e doações suspeitas na campanha que os elegeu. Mas se o impeachment surge como a opção mais imediata, então é o que temos, ao menos para que o país volte a respirar e caminhar. 

Mas não vamos nos iludir: a todo tempo devemos nos manter atentos aos movimentos das forças políticas. Então, mesmo que apenas como um exercício, vamos refletir um pouco sobre um eventual cenário pós-impeachment... Em nível federal, com o Temer assumindo a presidência, o PMDB precisaria optar entre se aliar ao PSDB ou ao próprio PT para governar, além de negociações com outros partidos de menor força. 

Sim, o PSDB seria a opção aparentemente mais natural para o PMDB, mas não vamos descartar o PT dessa equação. Diante de todas as denúncias e evidências, Lula e o PT permanecem detentores de expressiva força política e se preparam para sobreviver com êxito a um cenário de derrocada no poder federal que parece inevitável. Para exemplificar, em recente encontro, segundo o Estadão de hoje, Temer e Lula "teriam iniciado negociações sobre o pós-Dilma, com o vice-presidente se comprometendo a não realizar uma caça às bruxas no governo." 

Por outro lado, representantes do PSDB estão sendo denunciados pelo MP em São Paulo, além de haver outros indícios de delitos por parte de figuras desse e de outros partidos, além do PT, que estão vindo à tona no contexto da operação Lava-Jato, embora não exclusivamente a partir dela.  

Ou seja, todos esses indiciados vão tentar se proteger reciprocamente contra o braço da Justiça, desde que seja de interesse mútuo.

No legislativo federal, Cunha permanece usando sua posição como presidente da Câmara para protelar o julgamento das acusações que pesam sobre ele. Isso sem contar as denúncias novas e antigas que envolvem o nome de Renan Calheiros, presidente do Senado. Ambos, dignos representantes da maioria de canalhas rematados que compõem nosso congresso, alimentados que são pela sanha de uma elite inescrupulosa que verdadeiramente controla o poder. 

Diante desse cenário, temos o direito e dever de continuar a protestar reivindicando que TODOS os corruptos e corruptores sejam devidamente investigados e punidos, se achados culpados, sem exceções. Continuemos a apoiar a operação Lava-Jato e todas as ações da Justiça que busquem reduzir os insuportáveis níveis de corrupção em nosso país.  Vamos observar e acompanhar o trabalho do STF nos julgamentos daqueles que detém injustificado foro privilegiado, algo que também precisa acabar. 

Mas além disso, é muito importante também nos lembrarmos de que teremos eleições municipais este ano. É ali que tudo começa. É um bom momento para  pensar que nossa cidadania não deve ser exercida com prazo de validade ou apenas contra esse ou aquele partido ou contra essa ou aquela figura pública, pois a corrupção não se restringe a um único tom político (vide a recente lista de doações da Odebrecht). 

É uma oportunidade para refletir sobre a polarização que tem nos apartado em campos extremados, pois enquanto nós nos dividimos e assim ficamos mais fracos, os corruptos e seus corruptores tendem a se entenderem e a continuarem a se organizar para usurpar os recursos públicos em benefício próprio, como ocorre há séculos em Terra Brasilis. 

Enfim, sabemos o quanto é difícil, mas assim mesmo, vamos tentar escolher candidatos decentes. Ou anular nossos votos, mas em hipótese alguma apoiar ou reeleger os malandros de sempre.

O triste fim de Lula e do PT

(Desculpe o textão, é só um desabafo engasgado na garganta)

Em 1989, eu me lembro do povo saindo do metrô no Centro do Rio para o comício final cantando Lula-lá. Depois do comício fomos dormir sonhando com a esquerda no poder (sim, achávamos que Lula era de esquerda... talvez até fosse). Mas toda a massa que foi seduzida pelas promessas de Collor mais a Globo manipulando o debate em seu favor nos fizeram acordar rápido daquela vez.

De lá pra cá, muita coisa mudou em nosso país. Algumas para melhor, outras para pior. Ou, ultimamente, algumas para muito pior. Porém, infelizmente quanto a Lula & Cia, o sonho de quem desejava um líder e um partido éticos no poder há tempos acabou (sim, achávamos que o PT era um partido ético... talvez uma parte dele até fosse). Uma vez no poder, Lula e o PT se venderam ao sistema. Ou será que a ambição e a desonestidade entre eles sempre haviam sido tão grandes e não percebemos antes?

Sim, eu sei, quase todos os políticos em nosso país sempre foram (e continuam sendo) desonestos por essência. É claro que é preciso punir exemplarmente Cunha, Aécio, todos os que se deixarem corromper, de qualquer partido... E não vamos nos esquecer da punição aos corruptores ativos, como as empreiteiras e outras empresas. Essa crença de que podemos reduzir em muito a corrupção no Brasil pode parecer demasiado inocente para uma pessoa madura, mas desse sonho espero nunca abrir mão.

O caso é que é triste assistir aos tristes desfechos que vemos se aproximarem para as biografias de Lula e do PT, especialmente para nós, que fizemos parte daquela geração, que jurávamos que não ia ser assim enquanto cantávamos o hino nacional em frente à Igreja da Candelária naquela noite...

E pior ainda é ver que a derrocada do esquema de poder e manipulação montado pelo PT, em conluio com o grupo de partidos que o apoia, está dividindo o país e empurrando nossos rumos políticos para a direita. Diante desse cenário, penso que precisamos urgentemente construir consciência crítica, especialmente nós professores. Precisamos urgentemente construir alternativas de poder que possam fazer de nosso país um lugar justo para todos. Ou só o dinheiro continuará a ser o combustível para manipulação marqueteira de parte da população como temos assistido nas campanhas eleitorais?

Então, quem ainda não acordou do sonho petista, sinto muito, já passou da hora. O que aconteceu e ainda acontece, só não vê quem não quer. Para quem também não acordou do pesadelo da ditadura, e ainda acha que a via militar é a solução, por favor, pensem bem em nosso passado antes.

Ao final, só posso dizer que, apesar de tudo, não me arrependo de ter sonhado. Pior, sou uma sonhadora incorrigível e continuo esperando por um país melhor para meus filhos. Porém, precisamos acordar para buscar novos sonhos...

Ass.: Luciana Viter

OBS.: Opiniões são livres, ainda bem... Por falar nisso, a democracia, ainda que com muita falhas, foi algo que mudou desde o final da década de 80 por aqui. Então, estejam à vontade para clicar nos emoticons que quiserem aí embaixo após lerem, mas como não quero precisar apagar este post para evitar discussões nos comentários, peço que ninguém comente publicamente, podem me enviar por mensagem. Sim, como eu disse, sou pela liberdade, mas os ânimos andam muito exaltados e basta uma fagulha para as discussões pegarem fogo.